Portugal é o país do mediterrânico com maior “pegada alimentar” per capita, isto deve-se, em boa parte, ao elevado consumo de proteínas animais (carne e pescado).
A carne e derivados são considerados alimentos de maior impacto ambiental. Em geral, produtos de origem animal requerem maior utilização de recursos naturais e causam maior emissão de gases com efeito de estufa em comparação com as alternativas de origem vegetal.
O gado, particularmente os animais ruminantes, como vacas e ovelhas, emitem grandes quantidades de metano, um potente gás com efeito estufa, proveniente dos seus sistemas digestivos.
Além disso, os animais são relativamente ineficientes na conversão de proteínas vegetais em proteínas animais, pois são necessárias grandes quantidades de ração animal para produzir quantidades relativamente pequenas de carne.
É ainda fundamental reduzir o consumo de carnes processadas (salsichas, hambúrgueres, enchidos…), pois requerem maior grau de processamento e, consequentemente maior impacto ambiental. Na perspetiva da saúde, estes alimentos apresentam baixo interesse nutricional, pois contêm níveis elevados de sal, gordura total e de gordura saturada e incluem na sua composição aditivos alimentares com potencial carcinogénico.
A carne de porco apresenta uma menor pegada ecológica quando comparada às carnes de animais ruminantes, sendo ligeiramente superior à pegada da carne de aves (frango e peru). Por sua vez, o consumo pescado e de ovos representa uma menor pegada ecológica comparativamente à consumo de carnes.
Apesar de todas as fontes proteicas anteriormente referenciadas terem um menor impacto ambiental quando comparadas à pegada ecológica de animais ruminantes, salienta-se ainda a necessidade de fazer um consumo modesto destes alimentos, ajustado às suas necessidades energéticas e proteicas. Sempre que possível, dê preferência às opções de menor impacto ambiental e com menor quantidade de gordura saturada, como o pescado (nacional e na época), os ovos as e carnes brancas, limitando consumo de carne vermelha 1-2x/semana, de preferência de produção local e de carnes processadas a menos de 1x/semana. Procure fazer uma redução gradual do consumo de carnes vermelhas, reduzindo a porção ou a frequência, irá beneficiar a sua saúde e reduzir francamente a sua pegada ecológica.
A preferência por raças de gado autóctone constitui uma vantagem na sustentabilidade alimentar, designadamente:
Presente no Noroeste de Portugal desde tempos imemoriais, a raça Barrosã é o resultado de séculos de seleção e adaptação ao meio ambiente agreste das zonas de montanha. A carne que produz, possui Denominação de Origem Protegida (DOP) “Carne Barrosã”.
A raça Barrosã é de primordial importância, para o meio rural, principalmente nas zonas de meia-encosta e de montanha, pois através da utilização de animais completamente adaptados ao meio envolvente, consegue-se ocupar e trabalhar as pequenas parcelas e socalcos, obter os fertilizantes naturais para adubação dos solos pobres e valorizar os parcos recursos alimentares disponíveis (carqueja e tojo), numa lógica de agricultura sustentável graças a um sistema de produção extensivo, que preserva a paisagem e o meio ambiente natural, fixando também alguma população e mantendo actividade económica e social através da valorização de um recurso endógeno.
- Ovinos (Raças Bordaleira e Churra do Minho)
O sistema de exploração destas raças é caraterizado por rebanhos de pequena e média dimensão, inseridos em explorações agrícolas de montanha que aproveitam as grandes áreas de baldio da região
É usual encontrarem-se rebanhos mistos de ovinos e caprinos nas zonas mais altas de montanha, pois o pastoreio conjunto destas espécies permite uma maior rentabilização das pastagens pobres.
Os ovinos destas raças, devido à sua rusticidade e capacidade de adaptação a diversos ecossistemas, servem de complemento a atividades agrícolas diversas, como a viticultura, bovinicultura, suinicultura, etc.
- Aves (Raças de Galinhas, Preta, Amarela, Branca e Pedrês)
Estas raças autóctones de galinhas são muito valorizadas e apreciadas pela qualidade e delicadeza da sua carne, pela sua notável aptidão como poedeiras e chocadeiras e pela sobriedade e elegância das suas plumagens.
São criadas em regime extensivo em pequenas explorações familiares do território do Cávado, assim como toda a região Norte. Possuem elevada rusticidade e resistência, capacidade de adaptação ao meio e notável aptidão produtiva, reconhecida qualidade quer da carne quer dos ovos.